“Me pergunto o que isso significa…”
Foi assim que recentemente uma amiga respondeu a uma novidade que contei, e embora seja comum entre nós duas esmiuçar certos detalhes e antecipar o risco de algumas apostas, daquela vez, resolvi não me questionar.
Durante um ano de várias interrogações, naturalmente estive atrás de mais respostas. Nos encontros e nas conversas, nos passeios, filmes, livros, o vício em prestar atenção ao que poderia me mostrar algo além das aparências que enxergo.
Sinto pavor da chance de ser feliz e não saber, de reconhecer a importância de algo somente num depois que não permite retorno, de deixar passar batida enquanto busco pelo oculto, por um tesouro mais a fundo que sequer dá garantias de que existe, uma realização, um desejo já atendido.
Estamos cercados de estímulos, ideais, utopias, modelos completos de uma vida aparentemente bem sucedida, mas a impressão que tenho é de que paradoxalmente nunca estivemos tão confusos, flutuando entre o empurra e puxa de uma mente que não repousa, tentando encaixar peças de um quebra cabeça em outro, sem tempo para um passo de cada vez, sem olharmos de fato para o que se esboça a nossa frente. A simplicidade parece cada vez mais desafiada e desafiadora.
Quando optei por não embarcar na busca por sentido diante de algo que era apenas natural, por uns instantes pude notar a paz de quem enxerga, nos gestos menores, algo que se basta, que é de um jeito porque é, que se encerra assim, sem grandes explicações ou intenções, e que por isso mesmo, preenche com a graça do sentido da vida que é a própria vida.
É difícil escrever 2023. Hoje fico com a apreciação de um ano que trouxe tanta coisa pra ficar, aceno tranquila para o que se foi e dou espaço pra que o novo continue a entrar.
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Linha M. Patti Smith sempre e pra sempre. O que ela faz com o simples é memorável.
Notes on Heartbreak, porque relatar um término com tanta delicadeza não parece fácil.
Para rir (?), qualquer coisa que a
escreva.Possession como o melhor e mais assustador retrato da histeria clássica que já vi.
Past Lives, pra sentir muitos sentimentos.
Aftersun, pra sentir muitos sentimentos (2).
A segunda temporada de Fleabag, que é mesmo uma obra prima (sim, só vi agora).
Pra 2024, presença, muitas possibilidades, lindas narrativas, caminhos e boas novidades.
Até lá,
Carol
A Boa o Suficiente é minha tentativa de manter a chama blogueira dos anos 00 acesa, fazer jus ao prêmio que ganhei na 4ª série por uma redação e, quem sabe, causar algum efeito positivo nas pessoas que se dispõe a ler o que compartilho nos textos.
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